Será que você está sendo vítima de “orbiting”?
- rafaelaberaldomaci
- 11 de jun. de 2024
- 4 min de leitura

Se você não passou por esta situação, provavelmente conhece alguém que já foi ou está sendo vítima de “orbiting”. Mas você sabe o que significa este fenômeno que atinge cada vez mais pessoas?
Orbiting ou orbitando em português é pairar em volta de alguém sem realizar contato direto. Sabe um ex-namorado, um ex-paquera, ou até mesmo alguém que te despertou interesse romântico e que do nada “sumiu”, mas continua conectado a você pela internet, visualizando suas postagens, mas parou de responder diretamente às suas mensagens? Não mostra interesse, mas está sempre por perto? Então, este é o típico comportamento orbiting. Foi em 2018 que o termo foi cunhado pela primeira vez pela jornalista Anna Lovine, que explicou que nessa circunstância o perpetrador mantém-se “suficientemente perto para que ambos possam se ver e suficientemente distante para nunca ter que voltar a falar”.
Este tipo de comportamento que está cada vez mais comum, principalmente entre os mais jovens, causa tanto danos emocionais para suas vítimas, quanto revelam questões de inseguranças e necessidades emocionais não resolvidas daqueles que praticam este tipo de comportamento. “Orbiting é uma forma de interação que pode revelar inseguranças e necessidades emocionais não resolvidas, oferecendo uma satisfação superficial que evita o confronto direto com os sentimentos mais profundos e as dificuldades de relacionamento”, destacou a psicóloga clínica e também especialista em casais, Maytê Contreras.

De acordo com a psicóloga, os comportamentos e formas de interação nos relacionamentos mudaram significativamente com o avanço da tecnologia e a popularização das redes sociais. “A facilidade com que os jovens podem se conectar com outras pessoas através dessas plataformas criou um ambiente onde os vínculos são frequentemente superficiais e transitórios. Essa facilidade pode, paradoxalmente, resultar em uma falta de responsabilidade emocional e afetiva nas interações online, uma vez que a comunicação é muitas vezes rápida e efêmera, sem um compromisso real ou profundo”.
Perfil
Imaturidade, egocentrismo, insegurança, medo de comprometimento são algumas das características emocionais da pessoa que pratica orbiting. Porém, de acordo com Maytê, existem aquelas que praticam de forma intencional e outras que acham se tratar de um comportamento comum e não têm consciência de que suas ações podem magoar o outro ou criar falsas esperanças.
“Pessoas que praticam de forma intencional frequentemente têm tendências narcisistas, gostando de estar sempre presentes na vida de alguém, mesmo que essa pessoa não seja realmente importante para elas. Isso é feito principalmente por ego”, destacou a psicóloga.
Consequências para a vítima
Frustração, baixa autoestima e isolamento social são algumas das sequelas que a vítima do orbiting pode desenvolver. Além de minar possíveis relacionamentos reais, alimentando-se de uma expectativa irreal.
“A pessoa vítima desse comportamento frequentemente desenvolve uma esperança ilusória de um amor ou relacionamento que não existe. Ela acredita que a presença constante do outro indica uma intenção genuína de se relacionar. Muitas vezes, ela começa a postar conteúdos nas redes sociais com a intenção de chamar a atenção do outro, o que dificulta ainda mais o rompimento desse ciclo vicioso”, alertou Maytê.
Como sair dessa situação
“É fundamental prestar atenção à sua vida, rotina e, especialmente, às suas relações. Se uma relação te deixa ansioso(a), nervoso(a), triste, ou te faz gastar a maior parte do seu tempo tentando se aproximar da pessoa e impede seu foco em outras áreas da vida, é um sinal de que você precisa reconsiderar essa dinâmica”.
A psicóloga também destacou algumas ações importantes para sair desta situação. São elas:
Reconhecer o padrão: Identificar que você está sendo vítima de orbiting é o primeiro passo. Entenda que o comportamento da outra pessoa, que mantém contato superficial sem realmente se envolver, não é saudável para você.
Priorizar seu bem-estar: Concentre-se em suas necessidades emocionais e mentais. Evite gastar energia tentando decifrar o comportamento da outra pessoa.
Definir limites: Estabeleça limites claros para si mesmo em relação a quanto tempo e esforço você está disposto a investir em uma pessoa que não corresponde ao seu interesse.
Buscar apoio: Converse com amigos, familiares ou um terapeuta sobre o que está acontecendo. O apoio externo pode oferecer perspectivas valiosas e ajudar a reforçar sua autoconfiança.
Focar em si mesmo: Invista tempo em atividades que você gosta, cuide de sua saúde física e mental, e busque formas de se sentir bem consigo mesmo, independentemente da atenção que recebe dos outros.
Explorar novas conexões: Abra-se para novas experiências e conheça novas pessoas que estejam genuinamente interessadas em construir uma relação saudável e recíproca com você.
Existe uma saída para encontrar pessoas reais e dispostas
Apesar de muitas vezes as pessoas desacreditarem nos relacionamentos, ainda mais depois de passar por situações tóxicas como estas e entre tantas outras, ainda há esperança de encontrar pessoas que reais e dispostas a se relacionarem, mas antes, é preciso olhar para si mesmo.
“Encontrar pessoas genuínas e dispostas muitas vezes está ligado ao nosso próprio desenvolvimento pessoal. Quando nos dedicamos a cuidar de nós mesmos, seja na vida pessoal, social ou profissional, cultivamos uma autoestima saudável e nos tornamos mais atrativos. Ao focarmos em realizar nossos sonhos, aprender e crescer, naturalmente aumentamos nossas chances de encontrar alguém que compartilhe desses valores e esteja disposto a caminhar ao nosso lado. É importante entender que o relacionamento não deve ser o foco principal, mas sim uma consequência de estarmos em constante evolução, maturidade e abertos para interações sociais sem expectativas exageradas. Nada é mais cativante do que alguém que se ama e desfruta da vida, independentemente da presença de outra pessoa. Se você sente que precisa trabalhar esses aspectos, buscar ajuda no desenvolvimento pessoal pode ser um passo importante para se tornar a melhor versão de si mesmo e atrair pessoas alinhadas com seus valores e objetivos de vida”, concluiu Maytê.
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